Belo Horizonte perdeu, no dia 09 de abril, o sistema Bike BH, “as famosas laranjinhas”. O contrato da empresa que fazia a operação das 40 estações de bicicleta —sendo 34 na região centro-sul e três na Pampulha— iniciou suas atividades no dia 10 de abril de 2014, tendo validade de cinco anos e valor total de R$ 388 mil que deveriam ser repassados para a BHtrans.
Desde o início do contrato, em 2014, a BH em Ciclo vem cobrando para que, primeiro, as multas para o descumprimento do contrato fossem aplicadas na empresa que operasse o sistema. Isso nunca aconteceu. Outra demanda da BH em Ciclo era a de que os R$ 388 mil fossem gastos na promoção do uso da bicicleta na cidade. Com este valor daria para fazer, por exemplo, quase dois quilômetros de ciclovia, oito quilômetros de ciclofaixa, ou realizar campanhas educativas para que motoristas respeitem os ciclistas da cidade.
Nada disso foi feito nesses cinco anos e nenhum centavo do recurso foi gasto com bicicleta. Na verdade, pouco do destino dessa quantia que, por princípio, deveria ter sido investida na bici. A BHtrans fez uma péssima gestão do sistema.

Além disso, a empresa de transporte e trânsito não usou o recurso que deveria ser gasto com a bicicleta durante todos esses anos e foi incapaz de fazer uma transição para um novo sistema de bicicletas compartilhadas. E assim, nos fez perder instrumento importante na mobilidade, o Bike BH.
Explicando: sabendo que o contrato com a operadora venceria no dia 9 de abril deste ano, a BHtrans colocou na rua um chamamento público para empresas interessadas em dar prosseguimento para um ou vários sistemas de bicicletas compartilhadas em Belo Horizonte (MG). Nenhuma empresa se interessou em aderir ao chamamento. Apenas uma empresa entrou, a mesma que operou o Bike BH nos últimos cinco anos, mas para implantar apenas estações na orla da lagoa da Pampulha, cujo o foco é, majoritariamente, no lazer.
Para BH em Ciclo, dois fatores são fundamentais para termos chegado no fundo do poço:
O último ano da gestão Marcio Lacerda (PSB) e os dois anos e quatro meses da gestão Alexandre Kalil (PHS), não foram nada atrativos para quem acredita na bicicleta. A despeito do atual prefeito ter aprovado o PlanBici (saiba o que é), a administração não só se fechou para promover o uso da bicicleta na cidade, como retrocedeu e está sendo contra. Em entrevista para rádio Itatiaia, em janeiro de 2019, Alexandre Kalil declarou que não irá investir na bicicleta. E o prefeito sabe que com essa atitude, perde ele, perde a cidade e perdemos todas e todos nós que queremos viver em uma cidade mais agradável para se locomover.
Outro aspecto que contribuiu para falência do Bike BH foi o edital de chamamento ter sido pouco atrativo às empresas por conta de muitos fatores. Fato que se somou a indisposição do prefeito, em pessoa, de investir em políticas para atrair essas empresas. Logo ele, empresário e gestor público, jogou contra os setores público e privado.
Diante desse contexto, o que podemos dizer, tristes, é: adeus BikeBH. Até logo, esperamos.