Iniciado em Porto Alegre, Brasil, em 2012, o Fórum Mundial da Bicicleta surgiu como uma forma dos cicloativistas unirem forças, depois do atropelamento de 20 ciclistas pelo motorista Ricardo Neis, que atualmente encontra-se livre, na capital do Rio Grande do Sul.

As duas edições seguintes do Fórum permaneceram em cidades brasileiras, Porto Alegre (2013) e Curitiba (2014). Em 2015, o Fórum começou a ganhar a América Latina e foi realizado em Medellín. Em 2016, o FMB5 foi recebido pela cidade de Santiago, no Chile, entre os dias 31 de março e 05 de abril de 2016 e contou com a participação de quatro membros da BH em Ciclo, como em 2015.

Abertura

20160331_212340O primeiro dia oficial do Fórum foi o dia 31/03 e sua abertura aconteceu às 20hs, na Esplanada do Museu da Memória e dos Direitos Humanos, em Santiago, com uma cerimônia de boas vindas, discursos dos organizadores do evento, políticos locais e representantes dos fóruns anteriores. O programa geral do #FMB5 pode ser consultado aqui. Vamos passar aqui uma ideia geral do que aconteceu em cada um dos dias.

01/04

Tema: Políticas Públicas a partir da Cidadania

Local: Comuna Santiago

Nos dias seguintes, O Fórum contou com uma série de atividades.

Jesper Fersløv Andersen, embaixador da  Dinamarca, falou sobre leis que tratam de mobilidade urbana em seu país e salientou que a legislação em vigor por lá veio depois da grande demanda popular o que reforça a importância da sociedade civil nesse processo.

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Um conceito interessante reforçado por ele é de que eles não se chamam de ciclistas, mas pessoas se transportando em bicicletas.

Hoje, a Dinamarca está num estágio de já se preocupar com os mínimos detalhes, como lixeiras inclinadas para as pessoas jogarem o lixo sem parar a bicicleta e suportes nas esquinas para elas pararem sem precisar desmontar.

Arturo Torres, do Chile salientou que tudo começa pelo pedestre e que a construção e utilização de espaços públicos deve ter como objetivo as pessoas. Falou também de soluções urbanas, como zonas 30, técnicas de acalmamento de tráfego, minicarros elétricos compartilhados e etc.

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Nesse mesmo dia aconteceu também a Oficina de Organizações Continentais –  Onde se discutiu a integração das associações cicloativistas da América Latina, da qual a UCB – União de Ciclistas do Brasil está fazendo parte. A união Latinoamericana é um desejo antigo de diversas instituições e pessoas que vêm promovendo o uso da bicicleta no continente e que agora está tomando corpo. Do Brasil, estiveram presentes também a Rede Bike Anjo e a Transporte Ativo.

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Para encerrar o dia, tivemos as  Pechakuchas sobre Políticas Públicas com a participação de vários brasileiros. Para ver mais sobre as apresentações dos brasileiros, acesse AQUI.

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02/04 – Energia Humana na Comuna de Maipú

Nesse dia percorremos um trajeto de pelo menos 20 km até a comuna de Maipú. Foi uma pedalada relativamente tranquila, com uma ciclovia cobrindo quase a totalidade do caminho. 

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Trajeto até Maipú

No trajeto

  • ao longo do caminho, como embaixo do viaduto onde passava um transporte sobre trilhos, foi utilizada uma solução de revitalização com plantio de várias espécies de vegetais integradas à paisagem urbana. Além disso, a ciclovia que seguimos possuía, em alguns pontos, parques urbanos e academias populares.
  • a ciclovia, embora presente em quase 100% do trajeto, tinha trechos descontinuados  que acabam por colocar o ciclista em posição de vulnerabilidade perante os carros que trafegam em alta velocidade nas vias paralelas a ela.

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  • Já no evento…
  • A fala da Amarilis Horta, que fechou as palestras da manhã, foi inspiradora, no sentido de trazer aos ciclistas um sentido de pertencimento a um grupo com energia para causar transformações sociais significativas. Ela falou sobre alguns conceitos de energia, em uma fala apaixonada, com doses providenciais de racionalidade e muita coerência. Uma delas diz respeito à auto-crítica dos movimentos em torno dos ciclistas que não respeitam pedestres na cidade, andando na calçada de forma perigosa. Ao invés de atacar, ela diz que os ativistas mais experientes devem encontrar formas de se adaptar a esse ganho de volume/abrangência e se concentrar em processos educativos.

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  • Participamos também a sessão de aplicativos: com um aplicativo Kappo, a Tech Sostenible, o BiciMapa e o Energía Man.

03/04

Equidade Social

Na Comuna Independencia

Um destaque deste dia foi a apresentação da experiência de “Al Colegio En Bici”, um programa de governo da prefeitura de Bogotá que se iniciou em meados de 2013 e tem como objetivo principal estimular o uso da bicicleta como modo de transporte de crianças entre 9 e 16 anos, para a escola.

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As crianças têm acesso a cursos de condução segura da bicicleta e de mecânica básica. A ida para as escolas são organizadas em “bondes” por região e por escola, com um condutor que é funcionário da prefeitura. O programa acumula números incríveis: já são quase 300.000 viagens desde seu lançamento e quase 4.500 bicicletas em uso.

Este projeto é uma demonstração concreta de como enfrentar as mudanças climáticas e a segregação social, através da articulação de um meio de transporte mais sustentável e democrático, do direito à educação, à mobilidade e a convivência cidadã no espaço público.

04/04

Poder Cidadão

Na Comuna El Bosque

O dia 4 de abril foi o último dia de programações individuais do Fórum e elas foram realizadas na comuna de El Bosque.

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O dia começou com um painel sobre ferramentas de empoderamento da sociedade civil e apresentação de experiências diversas.

Um dos exemplos foi o #VotoBici, uma experiência de engajamento, mobilização e incidência nas eleições municipais em Bogotá, na Colômbia, criada pela sociedade civil que tinha por objetivo final sensibilizar e ter o comprometimento dos candidatos à prefeitura de Bogotá com a bicicleta enquanto modo de transporte.

Também foi apresentado o BiciExperiencia, um projeto que ter por objetivo ser um modelo de participação cidadã que incentiva a cultura da mobilidade urbana por bicicleta, por meio do desenho de experiência, desenvolvido na Universidade Nacional de Colombia – Sede Bogotá.

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Paralelamente a estas apresentações, feitas em praça pública, estavam acontecendo apresentações Pechakuchas de diversos temas relacionados a experiências nacionais e supranacionais e também experiências locais de promoção do uso da bicicleta.

05/04

Assembleia Geral

Teatro Novedades e Massa Crítica  – Santiago

A agenda no último dia do Fórum ficou por conta da Assembleia Geral de encerramento onde houve a seleção da próxima sede do evento. No entanto, nesse ano, houve a seleção das duas próximas sedes.

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Foto da Assembleia Geral

Várias cidades se candidataram, entre elas Recife. Após várias rodadas de apresentação das candidaturas, a Cidade do México foi eleita para ser a sede do Fórum em 2017 e Lima, no Peru, a de 2018.

Um marco para o ciclismo chileno e latinoamericano

A organização do Fórum conseguiu que diversos ciclistas entrassem no Palácio do Governo – La Moneda -, pedalando, para se encontrar com a presidenta Bachelet, o Ministro de Transportes e Telecomunicações, o Subsecretário de Meio Ambiente e o Coordenador de Transporte Público Metropolitano. Na oportunidade, o presidente da UCB – União de Ciclistas do Brasil entregou à presidenta chilena um exemplar do livro produzido com os artigos do III Fórum Mundial da Bicicleta, em Curitiba.

Após o encerramento da Assembleia Geral, aconteceu a bicicletada nacional, que serviu de cerimônia de encerramento do FMB5. A bicicletada contou com a presença de cerca de 15.000 pessoas celebrando a bicicleta pelas ruas de Santiago, da praça Itália até Maipú.

© Gonzalo Zúñiga (fotosaereas en Instagram)

© Gonzalo Zúñiga (fotosaereas en Instagram)