Uma emissora de televisão fez uma reportagem sobre as ciclovias de Belo Horizonte e dela se pode tirar alguns questionamentos. Veja a matéria clicando nesse link.

Logo no início da reportagem, a jornalista afirma que a bicicleta na cidade poderia ser mais utilizada como meio de transporte se a rede de ciclovias fosse maior e se o espaço dos ciclistas fosse respeitado.

Mas que espaço é esse que tem sido desrespeitado? Esse espaço vai além das vias exclusivas para ciclistas e é, em si, o direito de ir e vir dos cidadãos que optaram pela bicicleta.

Com a falta de uma política pública baseada na mudança de cultura, por meio de campanhas educativas, ações efetivas com motoristas, profissionais ou não, ciclistas e pedestres e reconstrução do espaço urbano, a Prefeitura de Belo Horizonte continuará a desagradar pedestres, que perdem o pouco espaço que têm para que as ciclovias sejam feitas, os ciclistas, que são obrigados, por Lei, a trafegarem nas ciclovias quando elas existem, e aos motoristas, que sentem-se perdendo espaço para ciclovias onde, segundo eles mesmos, não são usadas passa ninguém.

Com relação às ocupações de motoristas e motociclistas, a BHTRans deveria se preocupar em fazer campanhas educacionais que instruíssem tais atores a não trafegar nas ciclovias. No que tange aos pedestres, a partir do momento em que as ciclovias forem ocupadas por ciclistas, eles sairão em busca de um local mais adequado. É nesse ponto em que entra, novamente, a importância de se ter uma cidade que contemple, antes de mais nada, o ir e vir do ser humano enquanto agente capaz de se mover sem auxílio de motores.

Outro ponto a ser discutido é a afirmação de que a cidade possui 50km de ciclovias. Conforme pode ser visto abaixo, a própria BHTrans afirma ter 36km de ciclovias.

Uma outra informação duvidosa é a de que 2% dos deslocamentos em Belo Horizonte são feitos de bicicleta. Pelo fato da pesquisa Origem/Destino 2012 não ter ficado pronta, não se sabe de onde a BHTrans tirou esse número de 2%.  Há bastante tempo a BH em Ciclo solicita a fonte desses dados e a BHTrans se esquiva em cedê-la.

Ainda nesse mesmo campo das dúvidas informacionais, pergunta-se à BHTrans de onde surgiu o dado de 6% dos deslocamentos serem feitos de taxi. Segundo o próprio Balanço da Mobilidade Urbana de Belo Horizonte de 2010, que tem por fonte a pesquisa Origem/Destino de 2001, esse valor é de 2%.

Ainda que a BH em Ciclo esteja com diálogo estreito com a BHTrans, com essas colocações, pede-se a esse órgão do poder público municipal e à Prefeitura de Belo Horizonte maior transparência com os dados que deveriam ser públicos e maior empenho para construir, junto aos coletivos sociais, uma política pública que priorize, de fato, os meios não motores e o transporte coletivo.