Nos últimos meses, a bicicleta tem sido pauta de matérias de jornais, revistas e outros meios de comunicação em Belo Horizonte. No entanto, em alguns casos, os autores das matérias e colunas arquitetam seus textos fomentando mitos e tabus concebidos por quem não pedala como meio de transporte.

Em resposta aos que têm feito propaganda contrária à bicicleta no contexto urbano, a BH em Ciclo, através da carta à imprensa abaixo, explicita que, sim, Belo Horizonte é uma cidade com potencial para ter mais ciclistas do que os milhares que hoje já trafegam pela cidade.

A bicicleta é um veículo que alia diversos benefícios, do nível coletivo ao individual e, por isso, a adesão a esse modal tem aumentado consideravelmente em diversas cidades do mundo. Em Belo Horizonte, não é diferente. A despeito da falta de políticas públicas bem elaboradas na busca por uma cidade sustentável,  a bicicleta está cada dia mais presente nas ruas da capital mineira.

Em 2002, foi realizada a pesquisa de Origem-Destino na qual é registrado que são feitos mais de 67000 deslocamentos diários com a bicicleta em Belo Horizonte. No entanto, é visível que esse número aumentou nos últimos anos. Contudo, ainda não existem dados sobre tal avanço.

Apesar das mudanças levarem para uma evolução positiva para a sociedade, ainda há aqueles que utilizam de subterfúgios para não fazer parte desse movimento. Em Belo Horizonte, por exemplo, o relevo e o clima, além da falta de respeito dos motoristas, são os principais fatores indicados pelas pessoas como entraves para utilizar a bicicleta como meio de transporte.

O relevo e o clima não deveriam ser considerados empecilhos para se deixar de pedalar em BH, pois são duas variáveis facilmente desconstruídas. A tecnologia das marchas, por exemplo, facilita a subida em ruas e avenidas com aclive acentuado. As marchas permitem que o ciclista tenha melhor desempenho em morros. Há, também, a opção pelas bicicletas que podem ser dobradas e, assim, possibilitam a integração modal. Mais recentemente, as bicicletas elétricas têm despontado como opção.

Importantes avenidas da cidade estão em leito de rio e são completamente planas (ex. Av dos Andradas, Av. Tereza Cristina, Av. Bernardo Vasconcelos, Av. Prudentes de Morais, Av. Barão Homem de Melo, etc) e, com a tecnologia das bicicletas dobráveis, não é necessário fazer todo o trajeto de bicicleta, através da integração intermodal. Há, inclusive, a tecnologia da bicicleta elétrica, que pode auxiliar nos morros mais íngremes.

Já o clima da capital mineira – tropical de altitude típico -, é considerado ameno, com temperaturas que variam, em média, entre 18o e 26o graus. Para os dias mais quentes, a solução é beber água ao longo do trajeto, ir em um ritmo cadenciado, reduzir a velocidade quando próximo ao ponto final, além de se refrescar ao chegar ao destino.

Em contrapartida, a falta de respeito dos motoristas no trânsito, tanto com relação à ciclistas e pedestres quanto com  demais agentes, sejam eles motorizados ou não é, de fato, um grave problema que precisa ser solucionado pela PBH/BHTrans, haja vista que a empresa estabeleceu como meta que 6% das viagens na capital serão feitas por bicicletas até 2020. Dessa forma, medidas precisam ser tomadas no quesito educação dos cidadãos que trafegam pela cidade para se alcançar esse número. A compreensão individual das prioridades no trânsito e a violência nele existente podem ajudar a tornar as ruas mais seguras e atraentes para ciclistas e pedestres.

Dessa forma, Belo Horizonte ainda tem muito o que aprender, o que evoluir, muitas medidas ainda precisam ser tomadas para que a capital se torne uma cidade mais sustentável e amigável aos ciclistas. Entretanto, nem tudo está perdido, a cidade está caminhando para a direção certa e a bicicleta, como meio de transporte, tem conquistado mais espaço nos debates sobre mobilidade urbana e mais visibilidade na mídia e na própria sociedade.

A BH em Ciclo acredita que, em relação a tal notoriedade, a mídia tem um papel fundamental na divulgação dos benefícios que a bicicleta suscita tanto para o cidadão como para Belo Horizonte e, claro, dos diversos desafios para se implementar uma política de fomento ao uso da bicicleta na cidade. Ainda que se tenha inúmeros paradigmas a serem desconstruídos, a impresa pode ser responsável por levar uma mensagem positiva sobre a importância da bicicleta como meio de transporte na cidade e, como consequência, a melhoria na qualidade de vida da nossa cidade.

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Foto: BH Pedala