Desafio intermodal 2018 comprova a eficiência da bicicleta nos deslocamentos urbanos e traz reflexão sobre a qualidade do sistema de transporte em Belo Horizonte, em especial o coletivo por ônibus

Com o tempo de 19 minutos minutos e 11 segundos, um ciclista urbano foi o primeiro a completar o Desafio Intermodal de Belo Horizonte, que aconteceu na quarta-feira (12). A atividade começou às 18h25, na Praça da Liberdade, e terminou na entrada da estação de metrô do Minas Shopping, num trajeto com total de 8,4km.

O Desafio Intermodal é promovido há alguns anos em diversas cidades brasileiras com o objetivo fazer um comparativo entre os modos de transporte que as pessoas utilizam para se deslocar pela cidade. Neste ano, o Desafio Intermodal foi promovido pela BH em Ciclo – Associação de Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte e é parte do calendário do Mês da Mobilidade (https://mesdamobilidade.org).

Em 2018, o Desafio demonstrou resultados semelhantes aos de outros anos.  Mais uma vez, observamos a necessidade de priorizar o uso da bicicleta, que além de ser um modo de transporte que consegue se deslocar com segurança e rapidez, é ambientalmente correto e financeiramente barato.

Os resultados podem ser ligados de várias formas: pelo tempo de deslocamento, pelo custo daquele deslocamento, pela quantidade de gases de efeito estufa, pela quantidade de energia gasta e pelo agregado dos quatro. Em todos eles, a bicicleta fica em primeiro lugar. Quando se retira o tempo, por exemplo, o andar a pé se iguala à bicicleta. Usando os quatro fatores e o agregado deles, nos últimos lugares estão, sempre, o carro, a motocicleta, o taxi e o transporte por aplicativo, em especial pelos altos valores de gases de efeito estufa emitidos. TODOS OS DADOS LIGADOS AO DESAFIO ESTÃO NESSA TABELA.

O carro, por exemplo, teve uma velocidade média de idêntica ao corredor, chegando ambos no mesmo tempo. O táxi, por sua vez, chegou com 38 minutos e demonstrou que o uso do corredor é um fator de diferença, com relação aos aplicativos, que tiveram tempo de 49 minutos. Um destaque importante a ser dado é a agilidade e o baixo custo do deslocamento a pé combinado com metrô, com tempo de 40 minutos e R$ 1,80 gasto, e a demora e o alto custo do transporte por ônibus convencional combinado com a pé, com tempo de 57 minutos e R$ 4,05 gasto. 

Nas palavras de Amanda Corradi, integrante da BH em Ciclo e organizadora do Desafio Intermodal, “Diversas são as formas de leitura dos resultados e as reflexões que eles trazem. Uma delas é que com investimentos na mobilidade ativa, outros modos de transportes também podem começar a surgir, como é o caso do patinete, que em 2017 participou do Desafio pela primeira vez e chegou na frente do carro.

Observamos também a importância de melhorar o sistema de transporte coletivo, alternativa para os cidadãos que atualmente se deslocam de carro (e ajudam a deixar as vias sempre cheias de automóveis), seja em termos tarifários, de prioridade no uso do solo, na integração e também com relação às questões de acessibilidade (embarque e desembarque das pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida).

O resultado corrobora as pautas dos movimentos da sociedade civil, que buscam melhorias na mobilidade urbana. Ele merece ainda mais atenção em um momento de disputa eleitoral, por conta da realização da campanha #D1Passo na Metrópole (www.d1passo.mobi), que busca a inclusão de propostas por uma mobilidade urbana sustentável na escala metropolitana nos programas de governo das candidatas e candidatos ao Estado, em especial pelas milhares de deslocamentos cotidianos entre cidades da RMBH.

Em BH, os dados produzidos pelo Desafio ajudam a mostrar como está a mobilidade urbana na cidade e, a partir daí, propor soluções de melhoria em termos de políticas públicas.

O Desafio Intermodal acontece sempre em Setembro, Mês da Mobilidade. As atividades do Mês da Mobilidade acontecem até o dia 30 de setembro e podem ser acessadas em https://mesdamobilidade.org.

Algumas regras do Desafio Intermodal

  • Os ponto de saída e ponto de chegada, bem como o horário de partida devem foram definidos e informados a todos os participantes;
  • Os participantes chegam com pelo menos meia hora de antecedência ao ponto de saída.
  • Todos os participantes sairão do ponto de saída no mesmo instante (horário de partida): 18h15.
  • Há um fiscal no ponto de saída e outro no ponto de chegada, os quais sincronizarão os tempos antes do início do desafio.
  • O fiscal do ponto de saída relembrará as regras aos participantes e autorizará a saída exatamente no horário de partida estipulado após realizar contagem regressiva.
  • Os participantes que possuam modos que necessitem estacionar, devem fazê-lo tanto no ponto de saída quanto no ponto de chegada nos locais destinados para tal fim.
  • Cada participante::
    • tem o conhecimento de como utilizar o modo no qual está inscrito
    • ter posse do modo no qual está inscrito, no caso de utilizar um modo individual em alguma parte do percurso.
  • Os participantes deverão conhecer e respeitar o código de trânsito durante todo o percurso de acordo com as especificidades de seus modos e levar em consideração a forma como se locomovem cotidianamente;.
  • Os participantes escolhem seus percursos por conta própria, da forma que mais lhe for conveniente;
  • Os participantes realizam o percurso na velocidade que normalmente o fariam no cotidiano, não podendo realizar deslocamentos propositais com o intuito de aumentar ou diminuir o seu tempo a fim de favorecer o seu ou outro modo;.
  • Os fiscais devem coletar a avaliação do percurso feito pelos participantes assim que estes alcancem o ponto de chegada.