Nas últimas semanas, a BH em Ciclo realizou o Debate Virtual, que tinha como objetivo criar um debate entre as candidatas e os candidatos à prefeitura de Belo Horizonte sobre a bicicleta.

Para isso, fizemos 6 perguntas breves sobre a realidade da bicicleta em Belo Horizonte e enviamos para todos os gabinetes, que tiveram 6 dias para nos responder. Em seguida, enviamos as repostas para outra candidata ou candidato (por meio de sorteio) para que comentasse a resposta. Os gabinetes tiveram, então, mais 4 dias para comentar.

Das 11 candidaturas, 3 não participaram de nenhuma das etapas do debate: Eros Biondini (Pros), João Leite (PSDB) e Sargento Rodrigues (PDT). Das 8 candidaturas que responderam às perguntas na primeira etapa, 4 não deram retorno na segunda etapa: Reginaldo Lopes (PT), Rodrigo Pacheco (PMDB), Luis Tibé (PT do B) e Marcelo Álvaro Antônio (PR). Assim, apenas Maria da Consolação (Psol), Vanessa Portugal (PSTU), Alexandre Kalil (PHS) e Délio Malheiros (PSD) participaram de todas as etapas do Debate Virtual.

A ação está inserida no contexto da campanha Bicicleta nas Eleições, uma campanha nacional proposta pela UCB (União de Ciclistas do Brasil) que busca inserir a bicicleta no debate eleitoral.

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Abaixo, as cidadãs e os cidadãos de Belo Horizonte podem ler as respostas de 8 candidatas e candidatos à prefeitura de Belo Horizonte e ver quais as propostas para Belo Horizonte quando o assunto é bicicleta!

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1. Você conhece o GT Pedala BH?

Rodrigo Pacheco: Sim

Vanessa Portugal: Conheço as discussões do GT por acompanhamento virtual. Mas nunca participei de nenhum debate do mesmo.

Alexandre Kalil: Sabemos que o GT Pedala BH é um grupo de trabalho formado a partir da iniciativa da BH em Ciclo (Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte) e que realiza um trabalho social importante em prol do uso da bicicleta como meio de transporte sustentável. Podemos ver o GT Pedala BH participando de campanhas nacionais como a “Bicicleta nas Eleições” ou de campanhas locais, como a #D1 Passo, essa reunião de coletivos sociais que atualmente batalha a implementação de propostas sobre mobilidade urbana nos programas de governo de todos os atuais candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte. Nunca participamos das reuniões, mas acompanhamos os eventos pelas redes sociais.

Sabe-se também que o GT Pedala BH exerce uma função social de relevância monitorando ações do legislativo e executivo municipais em BH, até mesmo de forma institucional junto ao COMURB (Conselho Municipal de Mobilidade Urbana), liderando movimentos e atividades e, principalmente, articulando parcerias e políticas públicas entre a sociedade civil e o poder público (representado, neste caso, pela figura da BH Trans). Este é sem dúvida um caso de parceria com o poder público que merece ser fortalecido e consolidado junto à Prefeitura. Imaginamos que o trabalho deste GT deve ter influenciado positivamente a elaboração e o desenvolvimento do Programa Pedala BH, mencionado no planejamento estratégico BH 2030 e que integra o Plano de Mobilidade Urbana de BH.

Délio Malheiros: Nós criamos o programa Pedala BH cujo objetivo é promover ou resgatar o uso da bicicleta nacapital, criando facilidades para quem optar por esse meio de transporte. Para isso, o programa propõe ações que abrangem, desde a definição e implantação de rotas cicloviárias e estacionamentos para bicicletas, até campanhas de educação e de segurança no trânsito. O Projeto Pedala BH conseguiu consolidar mais de 87 quilômetros de ciclovias/ciclofaixas na cidade, nos últimos anos.

Para aprofundar as discussões com a sociedade, criamos também o Grupo de Trabalho Pedala BH, um grupo aberto e sem liderança, que possibilita a realização de ações, em prol do uso das bicicletas, com base em decisões consensuais entre poder público e usuários.

Reconhecemos os benefícios do uso da bicicleta como meio de transporte para a cidade e para os cidadãos. Além de desafogar o trânsito, a bicicleta não polui, promove a melhoria da saúde de quem pedala, é um veículo de baixo custo de aquisição e de manutenção, é silencioso e flexível em seus deslocamentos.

Marcelo Álvaro Antônio: O caráter consultivo do GT Pedala BH, que é uma iniciativa legítima da Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte, ganhará conosco à frente da PBH prerrogativas de deliberação. Acho muito válidas as propostas. Manteremos um canal aberto com vocês. Temos compromisso com os belo-horizontinos e belo-horizontinas e não será diferente com o BH em Ciclo e demais membros do #D1passo.

Luiz Tibé: Sim, em meu plano de governo a palavra chave é diálogo. E esse GT é fundamental para o diálogo da mobilidade em BH.

Maria da Consolação: Sim, conheço o GT Pedala BH, grupo de caráter consultivo que discute a bicicleta em BH.

Reginaldo Lopes: Sim. É um grupo de discussão horizontalizado, da sociedade civil, para pensar propostas de mobilidade urbana e incentivar o uso da bicicleta na cidade. Além disso, funciona como um importante canal de comunicação, facilitando a articulação do usuário com o poder público.

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2. Você conhece o Bike BH?

Rodrigo Pacheco: Sim

Vanessa Portugal: Sim, superficialmente.

Alexandre Kalil: Sim, o Bike BH é um dos projetos do Programa Pedala BH, através do qual foi implantado em 2014 o sistema de bicicletas públicas compartilhadas em BH. A implantação e incentivo ao uso das bicicletas compartilhadas representa, sem dúvida, uma ótima opção de transporte sustentável, a exemplo do que já existe há anos em diferentes cidades no mundo. Segundo o relatório de prestação de contas da PBH em 2015, o projeto totalizaria hoje quatrocentas bicicletas e quarenta estações, distribuídas pela Área Central (34 estações) e na Orla da Lagoa da Pampulha (seis estações).

Délio Malheiros: Atuando como secretário municipal de Meio Ambiente, acompanhei diversas ações para fomentar o uso de transportes sustentáveis. O Bike BH é uma delas. Por meio desse projeto, que é realizado em parceria com o banco Itaú e a empresa Serttel, foram disponibilizadas 400 bicicletas distribuídas em 40 estações estrategicamente localizadas na cidade. É mais um incentivo para que as pessoas possam deslocar pequenas distâncias, com baixo custo, não poluindo a cidade e ainda praticando uma vida ainda mais saudável.

Marcelo Álvaro Antônio: Conhecemos o Bike Anjo como uma rede entre ciclistas iniciada na capital paulista e que se expandiu por várias capitais. Sabemos que promovem o uso da bicicleta de forma colaborativa, entendendo-a como instrumento de transformação de mentalidade em grandes centros urbanos, que têm como máxima o “carrocentrismo”. Trata-se de um movimento que difunde o uso da bicicleta de forma voluntária e que ajuda e direciona por meio de cursos os iniciantes no universo do pedal a guiarem “suas magrelas” com segurança e consciência.

Luiz Tibé: Sim, é uma parceria importante para a cidade.

Maria da Consolação: Sim, o projeto das bicicletas de uma instituição bancária que está disponível em algumas poucas regiões de BH.

Reginaldo Lopes: Conheço. É um projeto de uso compartilhado de bicicletas, com planos acessíveis e estações espalhadas por alguns pontos da cidade, sendo viabilizado por meio de uma iniciativa que envolve o setor público e o privado.

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3. Se sim, já utilizou?

Rodrigo Pacheco: Não

Vanessa Portugal: Nunca utilizei.

Alexandre Kalil: Não utilizamos por possuir bicicleta própria.

Délio Malheiros: Sim.

Marcelo Álvaro Antônio: Quando há tempo entre minhas atividade como parlamentar pedalo com meus filhos e sou naturalmente alguém que gosta de andar de bike. Entendo a bicicleta não só como meio de lazer, mas como meio de transporte eficaz e ativo. Infelizmente, ainda não tive a oportunidade de pedalar com vocês. Sobre o Bike Anjo, em sí, conheci mais profundamente o trabalho desenvolvido quando me reuni com o pessoal do #D1passo, criado pela Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte e demais coletivos como o Tarifa Zero, Nossa BH e Bike Anjo.

Luiz Tibé: Não utilizei, mas os relato que tenho é de que o sistema precisa de melhoria.

Maria da Consolação: Sim, já utilizei para me deslocar pelo centro da cidade.

Reginaldo Lopes: Não. Quando busquei não havia bicicleta disponível nas estações próximas de onde estava.

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4. Se já utilizou, qual seu diagnóstico sobre ele?

Rodrigo Pacheco: Não utilizei

Vanessa Portugal: Não tenho diagnóstico como usuária.

Alexandre Kalil: Mesmo não utilizando, vale dizer que é preciso, claro, continuar ampliando o projeto a fim de instalarmos mais estações e bicicletas, de acordo com as rotas cicloviárias identificadas na cidade. Entretanto, essa ampliação deve necessariamente ser acompanhada de campanhas de conscientização da população em relação ao cuidado e responsabilidade no uso destes equipamentos públicos, pois não são raros os relatos de vandalismos, depredações e furtos.

Em relação aos casos noticiados de falta de manutenção por parte da empresa concessionária, uma solução possível seria melhorarmos os canais de comunicação/recebimento de denúncias com a concessionária, que hoje só dispõe do call center ou do “fale conosco” no site do programa. Deste forma as denúncias/relatos dos usuários ficariam registradas de forma pública no próprio aplicativo Bike BH, colaborando para o melhor funcionamento do projeto.

Já a solução para as reclamações recorrentes de falta de bicicletas nas estações passa pela ampliação do número de estações. Seria importante também verificarmos a eventual necessidade de ajustes no contrato de concessão atual para adequá-lo à demanda real da população.

Délio Malheiros: Com minha experiência, posso afirmar que o deslocamento foi facilitado, principalmente porque o usuário pode completar seu trajeto com outros meios de transporte, levando a bicicleta no Move e/ou no metrô, por exemplo. Reconhecemos, no entanto, que é preciso continuar trabalhando para poder ampliar as rotas para os ciclistas e o número de estações, além de aperfeiçoar a manutenção das bicicletas. Já estamos trabalhando para isso.

Marcelo Álvaro Antônio: Ainda que não tenha utilizado, entendo ser fundamental. São pessoas preocupadas com uma mobilidade urbana sustentável que são, verdadeiramente, quem conhece os dilemas dos que pedalam por toda BH. Como gestor municipal, o meu compromisso será o de manter um canal aberto de diálogo com todos os membros. Temos uma intenção, inclusive, de conferir caráter deliberativo ao Conselho de Mobilidade Urbana, abrindo a possibilidade de os atores envolvidos criar e propor sugestões viáveis para nossa cidade. Conosco vocês terão voz. Temos um novo jeito de fazer política e iremos governar BH entendendo que é fundamental a valorização Conselho de Mobilidade Urbana de Belo Horizonte e do Observatório da Mobilidade Urbana de Belo Horizonte. Temos o compromisso de revisar o atual Plano de Mobilidade Urbana de BH, abrir a caixa preta dos contratos de licitação com empresas de ônibus, requalificar e promover o Sistema de Indicadores da Mobilidade e, ainda, realizar ações no Dia Mundial Sem Carro, por exemplo. Conosco à frente da PBH, vamos propagar a consciência do uso da bicicleta e uma mobilidade urbana sustentável por meio de campanhas e ações, mas, sobretudo, ter o diálogo como fonte inesgotável de conquistas, coisa que falta a atual gestão. Para efetivamente empreenderemos nesse sentido, contamos com vocês e manteremos conversas estreitas à frente da PBH. Isso é um compromisso.

Luiz Tibé: Como não utilizei, gostaria de saber a posição de vocês sobre o Sistema. Considero uma forma inteligente de promover o uso das Bikes, mas creio que podemos melhorar esta proposta.

Maria da Consolação: É interessante, pois permite que mesmo quem não tem uma bicicleta possa usar esse meio de transporte. No entanto, o fato de ser um serviço pago e via cartão de crédito, dificulta que mais pessoas usem o sistema. Seria melhor se fosse um serviço público, gratuito e de qualidade. Vamos ampliar o sistema e torná-lo um direito de todos e todas.

Reginaldo Lopes: O projeto é muito importante no sentido de incentivar as pessoas a utilizarem a bicicleta como meio alternativo de transporte. Além de saudável para o usuário, as bicicletas não poluem como os veículos motorizados, sendo, assim, também mais sustentáveis. O Bike BH ainda está mais no plano do turismo e do lazer, principalmente se considerarmos as localidades onde estão as estações e o número de bicicletas disponíveis para o uso, mas fica como exemplo para a utilização no dia-a-dia e tem inspirado outras iniciativas na área. O ideal seria um investimento maior, ampliando a oferta do serviço geograficamente e com mais bicicletas.

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5. Você sabe quantos % do orçamento municipal para mobilidade urbana foram gastos com incentivo ao uso da bicicleta em 2015?

Rodrigo Pacheco: Em 2015, o orçamento de Belo Horizonte girou em torno de R$ 11 bilhões. Foram investidos cerca de R$ 20 milhões em ciclovias e incentivo ao uso da bicicleta, o que representa 0,2% do orçamento.

Vanessa Portugal: No site da BHTrans tem um relatório que informa 11,1 milhões de reais em investimentos em ciclovias em 2014:
Ciclovia (Tipo 1): 65,4 km 7,9 milhões de reais
Ciclovia com taxão (Tipo 2): 26,0 km, 2,1 milhṍes de reais
Ciclofaixa (Tipo 3): 14,1 km, 1,1 milhóes de reais
Total: 11,1 milhões
Mas durante o período das eleições o site de transparência da PBH fica indisponível.Não temos como apurar o que foi de fato investido.

Alexandre Kalil: De acordo com os dados da PBH (Demonstrativo da Execução das Metas Físicas – 1º ao 3º quadrimestres de 2015 e Prestação de Contas 2015), as ações criadas para incentivar o uso da bicicleta em 2015 foram aquelas contempladas no Programa Sustentador “Transporte Seguro e Sustentável”. O orçamento previsto para esse programa foi de R$ 21.598.973,00, sendo que somente 7,92% deste orçamento, isto é, R$ 2.185.526,02, foram efetivamente executados/pagos.

Ainda segundo dados da PBH, dentre as ações do Programa Sustentador “Transporte Seguro e Sustentável” que contemplavam especificamente o incentivo ao uso da bicicleta, a implantação do Programa Pedala BH teve executada apenas 21,8% da sua meta anual prevista (segundo a PBH foram construídas apenas 12,86 km de ciclovia dos 59km previstos em 2015), enquanto as Campanhas Educativas para Mobilidade Urbana por Bicicletas tiveram 0% de eficácia, isto é, das duas campanhas previstas em 2015, nenhuma teria sido realizada.

Délio Malheiros: No ano de 2015, a Prefeitura investiu aproximadamente R$ 4 milhões na implantação de rotas cicloviárias. Os recursos foram provenientes da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, Fundo de Transporte Urbano, Banco Mundial e Associação Nacional de Transporte Público.

Marcelo Álvaro Antônio: Entendo insuficientes as ações do projeto Pedala BH da atual gestão municipal. Em tese, esse projeto deveria fomentar condições de estimular a utilização de bicicletas e sua integração nos diversos modais de transporte de BH. Digo em tese, porque, o que se percebe é uma enorme falta de diálogo da PBH com os segmentos relacionados, que buscam de forma espontânea e legítima melhorar nossa mobilidade na cidade. Em 2015, segundo dados da própria prestação de contas da PBH, foram implantadas apenas 12,36 Km de ciclovias, totalizando pouco mais de 83 km de ciclofaixas. São números pífios de investimento. Considero uma falta de respeito com os ciclistas e as ciclistas da cidade. A porcentagem de investimentos nesse âmbito é ridícula. BH merece muito mais que 31 bicicletários implantados em 2015. Aliás, 125 bicicletários é muito pouco ainda, quase nada se olharmos para uma cidade do tamanho de BH. Nas 9 regionais isso representa um enorme “nada”. Conosco será diferente. A verdade é que a PBH não dialogou com coletivos que representam a luta por dias melhores no trânsito em BH. Temos o compromisso de manter vivas as discussões e buscar efetivamente resultados para as demandas. Outro ponto que não posso deixar de mencionar são as seis únicas e escassas reuniões que foram feitas em 2015 pelo Conselho Municipal de Mobilidade Urbana. Temos sim que discutir mais. Seis? Em um ano? Temos que criar de fato um calendário de ações e ter menos blá blá blá sobre o tema. Isso não pode continuar assim.

Luiz Tibé: Infelizmente o orçamento da PBH só traz os números globais das ações e para 2015, informou que existia a previsão de 12 milhões e que nada foi aplicado. E para 2016, nada foi previsto.

Maria da Consolação: Os dados da PBH são muito obscuros. No caso da mobilidade urbana, estavam previstos cerca de 0,2% do orçamento (cerca de 23 milhões) para projetos ligados ao uso e incentivo de bicicletas em BH, construção e manutenção de ciclovias. No entanto, analisando a planilha apresentada pela PBH (file:///Users/pablolima/Downloads/relatorio_comparativo_orcamento_executado_2_quadrimestre_2015.pdf) não é possível identificar nenhum gasto com projetos ligados ao transporte por bicicleta. Ou seja, aparentemente a PBH não executou o orçamento previsto para essa finalidade em 2015.

Reginaldo Lopes: A estimativa de investimentos em mobilidade urbana entregue à Câmara Municipal pela gestão, que consta no Plano Plurianual de Ação Governamental, foi de R$ 549,7 milhões em 2015. A BH em Ciclo conseguiu, por meio de emenda, garantir a aplicação, entre 2015 e 2017, de R$ 800.000,00 para campanhas educativas sobre o uso de bicicleta. Nesse sentido, o valor destinado em 2015 seria de aproximadamente 266.000,00. Apesar de ser uma parcela pequena, considerado o montante da área, foi a primeira vez que o setor público estabeleceu investimentos diretamente em campanhas para ciclistas. Não conseguimos confirmar se o valor está sendo aplicado efetivamente.

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6. Considerando que Belo Horizonte tem 411 km de ciclovias e ciclofaixas projetadas para serem feitas até 2020, com base em inúmeros estudos técnicos, e que já há projeto para, pelo menos, 150 km, diga-nos, por favor, o que mais a senhora/senhor pretende fazer para estimular, promover e, sobretudo, priorizar o uso da bicicleta como modo de transporte, conforme prevê a Política Nacional de Mobilidade Urbana, na capital mineira?

Rodrigo Pacheco: Tenho como premissa estimular o transporte de massa e incentivar o uso da bicicleta, descentralizando ciclovias, construindo bicicletários e criando ciclorrotas inteligentes. O uso da bicicleta faz parte do conceito de Prefeitura Integrada que defendo, que leva em conta o uso do espaço público pelas pessoas.

Vanessa Portugal: A discussão da mobilidade em Belo Horizonte, tem que ser feita de forma conjunta. Sem um transporte público de massas eficientes, dificilmente conseguiremos equacionar, otimizar e estimular verdadeiramente o uso de bicicleta. O modelo rodoviário, pautado no estímulo ao uso dos carros individuais se contrapõe a incluir a bicicleta como uma prioridade, ou mesmo como um complemento ao transporte de massas. Neste aspecto entendemos que algumas medidas são essenciais: destinar percentual fixo do orçamento do município para mobilidade, inserido na lei orgânica, travar uma luta séria pela construção de transporte de massas sobre trilhos, municipalizar o transporte coletivo. Tirar carros das ruas é fundamental, paralelamente a isto a construção das ciclovias de acordo com o previsto em lei, inclusive com integração das nove regionais. Integração com as estações de transporte de massas. Implantação de campanhas educativas e ampliação de programas públicos que garantam o acesso à bicicleta. Incorporação das organizações e grupos que se organizam em torno do tema na construção de plano completo de mobilidade. As medidas voltadas para a otimização do uso de bicicletas, em separado, podem ser implantadas, mas entendemos que teriam uma efetividade bastante reduzida.

Recentemente recebi proposta de programa de governo “pela mobilidade urbana sustentável” do #D1Passo, assumimos as propostas apresentadas e vamos registrá-lo no TER como foi solicitado a nós.

Alexandre Kalil: Uma das nossas metas é a integração dos sistemas de transporte sustentáveis não motorizados aos sistemas convencionais, instalando por exemplo bicicletários próximos às estações de transporte coletivo. Além de buscar os recursos junto aos entes públicos, podemos firmar parcerias com a iniciativa privada para realizar esses investimentos próximos a estações de metrô e ônibus, além de incentivar as empresas a instalarem seus próprios bicicletários para uso de seus colaboradores.

Iremos destinar recursos também para as campanhas educacionais de sensibilização ao uso da bicicleta, segurança do ciclista e cuidado com os equipamentos públicos, campanhas estas que são fundamentais e não podem ser esquecidas.

Além de construir mais ciclovias e ampliar o programa Bike BH, iremos auditar as ciclovias existentes, afim de verificar quais estão efetivamente funcionando e em que condições. Neste caso a parceria com grupos de trabalho sobre o tema, em Belo Horizonte, como o GT Pedala BH por exemplo, seria uma maneira de aproveitar o trabalho e os dados já existentes acerca do estado de nossas ciclovias. Aliás, as parcerias com o terceiro setor e estímulo ao voluntariado estão entre nossas propostas para o desenvolvimento urbano e social de Belo Horizonte.

Estamos considerando, com muita atenção, incluir oficialmente em nosso plano de governo várias das propostas trazidas pelo coletivo #D1Passo, como por exemplo, a implementação de ciclorrotas nas nove regionais da cidade; a limitação das velocidades máximas regulamentadas nas áreas próximas às escolas e creches, criando e ampliando as zonas 30; a criação de faixas de pedestres transversais reduzindo o tempo de travessia e facilitando a vida de quem faz a opção de se deslocar a pé; a promoção do uso da bicicleta nos processos de logística urbana nos quilômetros finais; a melhoria das calçadas para torná-las acessíveis a toda e qualquer pessoa, tendo metas e prazos para implementação de melhorias, conforme previsto no Decreto nº 5.296/2004 e na Lei 10.048/200 e na lei nº 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência e, como já ressaltado, a promoção de campanhas educativas de respeito aos modos ativos de transporte, que reforcem a imagem destes atores prioritários no trânsito da cidade.

Délio Malheiros: Tornar a cidade sustentável e acessível passa, necessariamente, por dotá-la de estrutura urbana capaz de promover a redução da extensão das viagens e ampliação do uso do transporte coletivo e dos modos ativos, reduzindo a necessidade de utilização do transporte individual, bem como promover a mudança da matriz energética do sistema de transportes, com operação de veículos de baixo impacto ambiental.

Desejamos que andar a pé e de bicicleta na cidade, por meio de uma vida ativa – considerando autonomia e inclusão – seja cada dia mais seguro, confortável, prazeroso, saudável, e que mais pessoas queiram utilizar os modos ativos em suas viagens e deslocamentos cotidianos, com respeito e garantia de que os espaços públicos possam ser usufruídos, apropriados e acessíveis para todas as pessoas. A cidade com acessibilidade universal, física e econômica se reverte em garantia de maior independência para alguns e em benefício para todos, pois contempla a redução das barreiras que comprometem o acesso de parte dos cidadãos às oportunidades que a cidade oferece, com requisitos universais de segurança, conforto e direitos, promovendo a justiça social.

Nesse contexto, apresento a seguir propostas que nortearão os planos da cidade para que ela se torne ativa, sustentável e acessível.

· Ampliar a rede cicloviária integrada, rotas cicláveis e Zonas 30, com oferta de paraciclos e bicicletários adequados à demanda.
· Promover a renovação continuada da frota do transporte público, com veículos com acessibilidade universal e menos poluentes.
· Articular a criação de sistemas de informação (por aplicativo e internet) que permitam, em tempo real, a localização dos paraciclos, ciclovias, oficinas, pontos de apoio, disponibilizando informações em plataforma aberta.

O Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Belo Horizonte – PlanMob-BH identificou 400 quilômetros de rotas cicláveis (ciclovias e/ou ciclofaixas). Trabalhamos para atingir a meta de implantação dessas rotas até 2020. Com isso, a expectativa é que 6% de todos os deslocamentos da capital se deem por meio do uso da bicicleta.

Belo Horizonte, ao implantar ciclovias, está seguindo o exemplo das grandes capitais do mundo e está se adaptando para receber de forma segura e confortável as pessoas que optam pela bicicleta. A alternativa, além de aliviar o trânsito até mesmo para os carros, contribui para o desenvolvimento de uma cidade mais sustentável, já que é um meio de transporte ecológico, saudável e econômico, muitas vezes até mais rápido que os demais veículos.

Contudo, esse trabalho precisa da participação de todos. Para conviver de forma harmônica é importante que pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas se respeitem mutuamente e que a bicicleta tenha prioridade sobre os carros e motos, conforme prevê a legislação.

Marcelo Álvaro Antônio: Porque a PBH não pode ser parceira de uma rede orgânica, colaborativa e voluntária que pretende fomentar mais espaços para os ciclistas e as ciclistas da cidade? Um novo jeito passa por fazer mais para quem mais precisa e entendemos que ciclistas merecem um olhar mais sensível por parte do gestor municipal. No último dia 11 de setembro, me reuni com o pessoal do #D1Passo. Na oportunidade, discutimos formas viáveis para fomentar uma mobilidade urbana sustentável em BH. Fizemos compromissos com o projeto e iremos com toda a certeza incorporar várias propostas em nosso plano de governo para os próximos 4 anos na cidade. Nossa candidatura aderiu a ideias e propostas apresentadas e, sobretudo, deseja manter aberto o diálogo, no mandato de prefeito, para discussão da totalidade do programa do #D1Passo. A cidade merece ver cumprida a meta dos 411 km de ciclovias conectadas até 2020. A criação das ciclorrotas nas 9 regionais será uma realidade conosco. Pretendemos redefinir e redirecionar investimentos em mobilidade em BH. Pretendemos aumentar o tempo de travessia nos semáforos de pedestre, com prioridade para idosos, crianças e pessoas com mobilidade reduzida, além de estimular o uso da bicicleta nos processos de logística urbana da cidade. A PBH, ao contrário do que se vê hoje, irá ter um prefeito que irá liderar pessoalmente campanhas educativas de respeito aos modos ativos de transporte. Iremos liderar uma mudança de mentalidade na cidade.

Luiz Tibé: Nossas propostas são:
· Concluir o projeto cicloviário de Belo Horizonte, que prevê a meta de 411km de ciclovias conectadas em rede, serem realizadas até 2020;
· Implementar ciclorrotas nas nove regionais da cidade;
· Limitar as velocidades máximas regulamentadas, criando e ampliando as zonas 30;
· Criar faixas de pedestres transversais, reduzindo o tempo de travessia e facilitando a vida de quem faz a opção de se deslocar a pé;
· Aumentar o tempo de travessia nos semáforos de pedestre, priorizando e beneficiando principalmente idosos, crianças e pessoas com mobilidade reduzida;
· Estimular, promover e incluir o uso da bicicleta nos processos de logística urbana da cidade nos quilômetros;
· Promover campanhas educativas de respeito aos modos ativos de transporte, que reforcem a imagem destes como atores prioritários no trânsito da cidade.

Maria da Consolação: A Frente de Esquerda BH Socialista propõe um amplo diálogo com a sociedade de BH sobre o uso de bicicletas no transporte urbano. Além de campanhas educativas, ampliaremos a malha de ciclovias, incluindo as grandes avenidas, como a Av. Antônio Carlos e Av. Cristiano Machado. Implantaremos um sistema público, gratuito e de qualidade de bicicletas para uso pela cidade, aos moldes do Bike BH, porém sem pagamento, mas com o cadastro dos usuários. Aumentaremos o número de ruas e avenidas fechadas ou destinadas parcialmente ao lazer e ao ciclismo durante os fins de semana, promovendo maior ocupação das ruas pela população.

Reginaldo Lopes: É preciso investir mais na conscientização sobre a importância no uso da bicicleta como um meio de transporte alternativo ao carro no dia-a-dia, não apenas para o lazer. Nesse sentido, além da oferta de infraestrutura viária, é essencial oferecer segurança para os usuários.

Estive analisando alguns estudos e pesquisas sobre a mobilidade urbana em Belo Horizonte e notei que, segundo um levantamento feito pelo Movimento Nossa BH e a BH em Ciclo, 80% dos cidadãos que responderam à pesquisa já tinham sido vítimas de violência enquanto pedalavam.

Sem espaço físico adequado e respeito no trânsito, será difícil convencer as pessoas a trocarem o conforto do carro pela bicicleta. Então, cabe ao poder público estar atento a esse cenário e responder adequadamente, ampliando as ciclovias e ciclofaixas, mas também investindo em uma política pública ampla para o uso desse meio de transporte.