Saiba como foi o Bicicultura 2018 para a BH em Ciclo
Entre os dias 8 e 10 de junho, na cidade do Rio de Janeiro, aconteceu mais uma edição do Bicicultura – Encontro Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta e Cicloativismo e a BH em Ciclo, com cinco associadas, esteve presente.
O Bicicultura é um encontro anual idealizado pela UCB – União de Ciclistas do Brasil e, em 218, organizado pela Transporte Ativo, para celebrar e promover a cultura da bicicleta como meio de transporte nas cidades brasileiras.
Trata-se, antes de mais nada, de um espaço para o convívio, compartilhamento de conhecimento e formação de alianças entre ciclistas, cicloativistas, entusiastas e interessados e tem como objetivo promover o uso da bicicleta em todas as suas vertentes: cultural, social, política, artística, econômica e ambiental.
Dia 1 – 08/06
O primeiro dia contou com a mesa sobre “políticas de redução de velocidades” e como interferir nelas, com apresentação de alguns resultados de um projeto da Ciclocidade, de São Paulo.
A Ciclocidade – Associação de Ciclistas de São Paulo – fez um levantamento de um grande volume de dados relacionados às altas velocidades dos veículos automotores e as consequências disso em relação à letalidade de quem caminha ou pedala (transportes ativos).
A ideia é criar um banco de dados que subsidiem ações bem direcionadas a problemas e atores específicos. Espera-se com esse trabalho aumentar a efetividade das ações de advocacy/incidência sobre o tema das velocidades em SP.
Participamos também no primeiro dia da mesa conduzida pela queridíssima MobiRio. A atividade era sobre como nós, integrantes de associações de ciclistas e outras organizações da sociedade civil, podemos incidir (participar, opinar, pressionar, analisar, monitorar, revisar) nas diversas leis que compõem os orçamentos municipais.
Carolina e Joanna, ambas da MobiRio, apresentaram diversos trechos de um estudo comparativo entre as leis orçamentárias dos governos Marcelo Crivella (atual) e Eduardo Paes (antigo). Interessantíssimo e rico! Em breve, a MobiRio lançará o relatório comparativo.

Atividade da MobiRio
Estivemos também na apresentação do Índice de Desenvolvimento Cicloviário (#IDECiclo), desenvolvido pela Ameciclo, do Recife.
O IDECiclo é uma metodologia que resulta em um número final para cada trecho da infraestrutura cicloviária de uma cidade. Ele pode ser utilizado para comparar a situação da ciclomobilidade de várias cidades e mesmo internamente a uma cidade, levando em consideração critérios relativos à segurança e conforto.
A metodologia de cálculo inclui diversos parâmetros avaliados para ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. Ou seja, Com o IDECiclo é possível não apenas cobrar do poder público a construção de rotas para ciclistas em termos de extensão de via, mas também a adequação dessas construções aos quesitos de conforto e segurança.
Notícia BOA e NOVINHA: em articulação com a Ameciclo, a BH em Ciclo conseguiu captar recursos para realizar o IDECiclo em BH!

Atividade da Ameciclo | IDECiclo
Também estivemos na atividade sobre o “Mapeamento das pesquisas relacionadas à mobilidade urbana por bicicleta que a UCB – União de Ciclistas do Brasil desenvolveu. Ao se fazer o mapeamento, pode-se criar um banco de dados com pesquisas que de alguma forma contemplem a bicicleta.
Assim, teremos um banco de dados públicos que estará à disposição de pessoas, movimentos e associações e servirá de inspiração para novas pesquisas – evitando que pesquisas não se sobreponham. Todas as pessoas presentes informaram as pesquisas que se envolveram pessoalmente ou através de associações locais.
Iniciativas como essa ajudam o Brasil a suprimir uma lacuna que ainda existe no que tange à mobilidade urbana por bicicleta no país: a produção, sistematização e análise de dados ligados à mobilidade por bicicleta em nossas cidades e também em áreas rurais.
A oficina “Multas a Pedestres e Ciclistas – como reagir?” trouxe para o Bicicultura o debate sobre a resolução 706/2017 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que padroniza a aplicação de multas a pedestres e ciclistas que cometerem infrações previstas nos artigos 254 e 255 do CTB.
Nesta atividade, que foi conduzida pela Ana Carolina Nunes e Glaucia Pereira, do Cidadeapé e pelo Super-Ando, foi possível pautar sobre a união de pedestres e ciclistas pela pauta da mobilidade ativa, a contextualização nacional acerca desta resolução e as recepções locais. Também aconteceu uma dinâmica onde foram propostas ferramentas e munições para se posicionar contra a aplicação de multas para pedestres e ciclistas.
Ainda no primeiro dia participamos também da Oficina Ciclo Criativo ministrada pela Yasmim Reck, que tinha como objetivo discutir de forma prática como usar o design na busca de soluções criativas para os problemas relacionados à mobilidade ativa.
Os participantes foram divididos em três grupos que trabalharam em um processo de busca por soluções para problemas específicos, passando por todas as fases desse processo, da definição de foco/horizontes até a apresentação de soluções e a sua validação pelos presentes na oficina.
Dia 2 – 09/06
No início do segundo dia, estivemos na mesa Mulheres no Cicloativismo. Nesta atividade, Roberta Raquel falou de sua pesquisa de doutorado, onde faz um mapeamento das mulheres no movimento cicloativista do Brasil, apresentando dados preliminares de perfil das entrevistadas e também questões referentes a atuação dessas mulheres dentro das organizações e Aspásia Mariana contou sua experiência de ser diretora de uma associação (Ciclovida) que antes era dirigida por homens.
Estivemos também no painel “Ativismo e Academia” que contou com a apresentação de quatro trabalhos acadêmicos. O primeiro apresentado foi o Processo de concepção e implementação da ciclovia da Universidade Federal de Itajubá, por Pedro Torres Pedrosa; o segundo trabalho apresentado, de Naomi Orton, chama-se Movimentos sociais contemporâneos e inclusão: lições do cicloativismo no Rio; o terceiro trabalho trata da Avaliação e Qualificação do Programa Cicloviario da Região Metropolitana da Grande Vitória – Vila Velha – ES, por Pollyana Rodrigues; e por último, Sayuri de Oliveira apresenta seu trabalho sobre as Ciclorrotas de Aracaju.
Também no segundo dia, participamos de um papo importantíssimo: mobilidade ativa e mudança do clima!
João Lacerda, Aline Cavalcante e Ana apresentaram a Coalizão Clima e Mobilidade Ativa e também falaram brevemente sobre a importância de discutirmos a mobilidade ativa em conjunto com as questões ligadas às mudanças climáticas. O tema ganhou ainda mais relevância por estarmos, nesse momento, sob pressão de diversos setores sociais que acreditam que os problemas das emissões mobilidade urbana serão resolvidos via eletrificação dos automóveis. Verdade que, sim, se toda a frota brasileira fosse eletrificada, as emissões zerariam, mas resolveria todos os outros problemas ligados ao modelo rodoviário das nossas cidades? Não!
Em BH, em parceria com o Movimento Nossa BH, fazemos parte do Comitê sobre Mudanças Climáticas e Ecoeficiência há alguns anos. Nele, tentamos mostrar o quão fundamental é incluir a bici nas discussões sobre clima na nossa cidade. Infelizmente, o Comitê está beeeeem paradão, embora tenha por objetivo ara essa gestão conectar as metas climáticas e as de mobilidade urbana.
O Movimento Nossa BH produziu três fichas-resumo sobre assuntos ligados à mobilidade e mudança do clima.
A primeira parte de uma escala global e a conecta ao local, com título de AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, A MOBILIDADE URBANA E AS CIDADES.
A segunda faz uma conexão, na escala de Belo Horizonte, entre o Plano de Mobilidade e o de Redução de Gases de Efeito estufa, com nome de “O PlanMob-BH como instrumento de gestão ambiental.
Por fim, a terceira é quase um guia, ou passo-a-passo, de como incidir nas políticas de mobilidade, incluindo aí a questão das reduções de gases de efeito estufa. O nome dela é “Como incidir na política de mobilidade urbana em BH”.

Ana, Aline Cavalcanti e João Lacerda
Ainda no segundo dia de Bicicultura, tivemos uma palestra magna com Clarisse Cunha Linke, do ITDP Brasil, falando sobre o impacto do uso da bicicleta na vida cotidiana.
Atualmente, disse Clarisse, “os sistemas de transporte e a infraestrutura urbana são feitas e geridos para atender os deslocamentos das viagens produtivas (casa-trabalho e trabalho-casa), em especial, de homens”. A nossa experiência na cidade precisa contemplar diversos outros elementos que vão muito além da infraestrutura.

Clarisse Linke
Dia 3 – 10/06
O último dia do Bicicultura iniciou-se com a Assembleia Geral da UCB – União de Ciclistas do Brasil, da qual a BH em Ciclo, com orgulho, é associada. Diversos itens que dizem respeito à organização interna e das ações da UCB estão em discussão.
Sobre a #UCB – União de Ciclistas do Brasil
A UCB é uma organização da sociedade civil que congrega Associações de Ciclistas, ciclistas e outras entidades e pessoas interessadas em promover o uso da bicicleta como meio de transporte, lazer e esporte, nas regiões urbanas e rurais, assim como a mobilidade sustentável.
A UCB, fundada 24/11/2007, nasceu da necessidade de organizar a pauta de discussões e intervenções em nível federal, o que está fora do alcance das organizações locais e com a missão de “Contribuir nas pautas nacionais que dizem respeito a mobilidade por bicicleta, através da incidência política e tornar-se referência nacional como entidade representativa da sociedade civil, congregando, articulando e mobilizando as iniciativas locais e com os demais setores sociais de âmbito nacional.

André Geraldo
Após a Assembleia Geral, participamos da atividade #BicicletaParaUmaCidadeSensivel, de Sheila Hempkemeyer, no vão de entrada do Museu do Amanhã. Sheila mostrou parte do resultado da sua pesquisa que teve por objetivo contar histórias sobre pessoas que pedalam , para além do do concreto urbanístico. Sheila ouviu, descobriu e colecionou as históricas, tecendo olhares sobre a bicicleta na/e a cidade, utilizando-se de uma metodologia baseada no fazer cotidiano da pesquisa. A atividade também teve troca de experiências afetivas sobre a bicicleta, além de servir como parte da pesquisa de Sheila para o doutorado – já em curso. Mais fotos AQUI.

#BicicletaParaUmaCidadeSensivel, de Sheila Hempkemeyer
Participamos também da oficina sobre a Pesquisa Nacional de Avaliação da Ciclabilidade. Conduzida por Yuriê Baptista César e Glaucia Pereira, foram apresentados dados da pesquisa de mestrado de Yuriê, realizada em 2014, em diversas cidades brasileiras. Além disso, em uma oficina, algumas questões da pesquisa foram colocadas em debate e em breve uma nova versão dessa pesquisa será lançada, mais atualizada.

Yuriê Baptista e Glaucia Pereira
Ao final do dia, tivemos a plenária de encerramento do Bicicultura, com mais e mais aprendizados para todas e todos, e a escolha da cidade-sede do Bicicultura 2020.
A cidade de Belém foi eleita para ser a sede do #Bicicultura2020, com uma proposta excelente de descentralizar as edições do Bicicultura! Muita força para A Ciclomobilidade Pará, ParáCiclo e Bike Anjo Belém e quem mais contribuir nesse processo construtivo de algo tão importante para a ciclomobilidade no país.

Plenária do Bicicultura
A BH em Ciclo colocou a candidatura de BH, com apoio de muita gente massa da capital mineira. Ficamos contentes com isso. Agradecemos quem apoiou a candidatura de BH e salve Belém!
O #Bicicultura2019 será em Maringá e organizado pela CicloNoroeste! Esperamos e torcemos para que seja um evento mais inclusivo, aberto e que seja capaz de deixar um bom legado à cidade-sede.