Primeiramente, um vivinha a isso!
Enquanto todo mundo reclama do Presidente do país, que preferimos não citar o nome, e do presidente da Petrobrás, o Sr. Pedro Parente, viemos aqui saudá-los pela inestimável contribuição ao uso da bicicleta em todo o país e também na capital mineira. Em uma semana, ambos conseguiram colocar mais ciclistas nas ruas da cidade que qualquer prefeito que já passara por aqui.
Sabemos – e cremos – que as reclamações são legítimas, afinal, vincular o preço do combustível à cotação internacional do petróleo e ao dólar, não é lá uma ideia muito apreciável, nem inteligente, a não ser, é claro, para os acionistas atingirem ganhos estratosféricos e para os exportadores de derivados do petróleo dos EUA.
Mas sejamos otimistas! Somos da opinião que essas notáveis figuras não queriam produzir o segundo apagão do país (o primeiro foi com o mesmo Pedro Parente em 2001 com o apagão energético), mas sim dar um novo empurrão ao uso da bicicleta no Brasil – é claro. Ambos sabiam que o país precisava refletir sobre a mobilidade urbana, o modelo de rodovias, trazer à tona a discussão sobre ferrovias, etc.
Enquanto no âmbito municipal temos sofrido pela falta de ações efetivas e com a lentidão, quase no ritmo da fila dos postos de gasolina nesses dias – ou pior – para dar início ao PlanBici (saiba mais) e incentivar o uso das bicicletas na capital mineira, o executivo federal resolveu dar uma mãozinha. Uma mãozona, diga-se de passagem!
Explicamos: vejam os números empolgantes que retiramos da base de dados do contador de ciclistas da avenida Bernardo Monteiro – atualmente o único da cidade – produzidos desde o início do colapso do abastecimento, o qual aqui estamos contando desde o dia 24 de maio.
1- Se pegarmos os 699 dias de funcionamento do contador e fizermos um ranking entre todos esses dias, pegando do maior fluxo de ciclista para o menor, os setes dias dessa super-semana ficam nos seguintes lugares do pódio:
Dia 24 de maio: 98º. Lugar – 310 ciclistas
Dia 25 de maio: 26º. Lugar – 363 ciclistas
Dia 26 de maio: 42º. Lugar – 348 ciclistas
Dia 27 de maio: 1º. Lugar – 615 ciclistas
Dia 28 de maio: 5º. Lugar – 535 ciclistas
Dia 29 de maio: 3º. Lugar – 587 ciclistas
Dia 30 de maio: 8º. Lugar – 480 ciclistas
Ou seja, a semana do colapso já tem um ouro, um bronze, um quinto e um oitavo lugar. Nada mal, né?
2- A semana que se iniciou no dia 21 já é a segunda melhor de todos os tempos, com 2.427 ciclistas. E a semana atual do dia 28 tem tudo para ficar em primeiro lugar no Hall da fama. VIVA!
3- Também já é possível projetar que o mês de maio vai terminar batendo o recorde mensal, chegando muito próximo de 10 mil ciclistas.
E todos esses números começaram a explodir exatamente quando as filas quilométricas se avolumaram nos postos de gasolina. Para melhor mensurar essa mudança, fizemos uma comparação desde a última quinta-feira (dia 23/05) até esta quarta-feira (dia 30/05) com os mesmos dias da semana anteriores do mês de maio. Ou seja, comparamos a última quinta-feira com a média do fluxo das últimas 3 quinta-feiras e assim por diante.
Com isso, ao final desses sete dias tivemos um aumento total de 77% em comparação com a média dos períodos anteriores, dentro do mês de maio. Se pegarmos apenas a partir de sexta-feira, quando os combustíveis realmente começaram a escassear, o fluxo de ciclista deu novo salto e chegou a mais do que dobrar em dois dias (domingo e terça-feira) e muito perto disso na segunda-feira e quarta-feira.
Portanto, vamos celebrar essa conquista, para ganharmos fôlego para continuar na luta!
A continuar nesse ritmo, novos recordes serão batidos e quem sabe mais pessoas começaram a usar esse eficiente, rápido, saudável, econômico e sexy meio de transporte. No somatório da força de quem pedala, todo mundo ganha: reduz-se a emissão de gases de efeito estufa, a poluição sonora, o visual apocalíptico de milhões de carros circulando e, em especial, os índices de poluição do ar na nossa querida capital..
Por último, ironias à parte, ao invés dos governantes submeterem toda a população a um fardo inestimável, melhor seria começar a investir em modais mais sustentáveis, especialmente um transporte coletivo de qualidade, conectando a ele uma grande rede cicloviária, por exemplo.
A carrodependência e a combustível-dependência têm cura, sendo que não é preciso impor um preço de combustível estratosférico, bem acima do seu custo, para concluirmos isso. Basta oferecer melhores condições para os outros modos e alternativas reais. Em BH, o PlanBici está aí com esse objetivo, basta o Kalil, que já o aprovou, querer dar o pontapé inicial…
PS: se o PlanBici fosse executado, a cidade já teria mais contadores em outras regiões e teríamos esses dados espalhados pela cidade.
PS2: as contagens de ciclistas da BH em Ciclo indicam que as zonas periféricas da cidade ainda possuem mais ciclista que a Centro-sul, onde está localizado o contador. Ou seja, é possível que também se tenha aumentado a quantidade de ciclistas por toda a cidade.
#BHPedala #EuQueroPlanBici