A Brasil Cycle Fair, a maior feira de ciclismo da América Latina, aconteceu no Expo Norte, em São Paulo, entre os dias 28/09 e 01/10. A feira foi realizada pela Aliança Bike, uma associação de empresários – varejistas, fabricantes, importadores – do setor de bicicleta no Brasil. Na feira, diferentes marcas do ramo expuseram seus produtos para lojistas, que rodaram os estandes na busca pelos melhores negócios. Não houve venda direta a consumidores finais e a grande maioria dos expositores tinha foco no ciclismo de performance; somente alguns apresentavam produtos relacionados ao ciclismo urbano. A CET – Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo também possuía um estande na feira, onde promovia os projetos cicloviários da cidade e as campanhas educativas que vem realizando.
A UCB – União de Ciclistas do Brasil, junto com o movimento Bicicleta para Todos, que encabeça a campanha pela redução dos impostos do setor de bicicletas no país, ocupou um estande de 70m² cedido pela Aliança Bike, que também financiou a ida de 5 membros da UCB para o evento. Essa iniciativa foi muito importante, pois representou um forte apoio dessa associação ao cicloativismo brasileiro, visto que, se não fosse esse convite para ocupar o estande, a UCB não teria condições de arcar com os custos para participar dessa forma na feira.
A BH em Ciclo, como associada à UCB, teve oportunidade de pleitear uma vaga para a BCF com as despesas pagas, porém abriu mão para que um representante de alguma associação mais distante de São Paulo pudesse ir, já que a passagem de Belo Horizonte até lá seria bem mais barata que de outros lugares, dada a relativa curta distância entre as cidades. Sendo assim, a BH em Ciclo arcou com os custos de passagem, alimentação e deslocamentos de sua própria representante. Dentre as associações participantes, estiveram também presentes:
- Bike Anjo (nacional)
- Ciclocidade (SP)
- Ciclovida (Fortaleza – CE)
- Pedala SBO (Santa Bárbara do Oeste – SP)
- Pedala Manaus (Manaus – AM)
- CUC – Ciclistas Urbanos Capixabas (Vitória – ES)
- Via Ciclo (Florianópolis – SC)
- ACBC – Asssociação de Ciclismo de Camboriu e Balneário Camboriu (SC)
- Transporte Ativo (Rio de Janeiro – RJ)
- Clube de Cicloturismo do Brasil (nacional)
- Cicloiguaçu – Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (PR)
O principal objetivo dos representantes da UCB na feira era apresentar a associação e suas atividades aos produtores no que se refere ao fomento do uso da bicicleta nas cidades brasileiras, abrindo espaço, dessa maneira, para um diálogo com o setor, visto que entre ambos existe um interesse em comum: colocar mais bicicletas nas ruas. Procurou-se, então, mostrar o que a sociedade civil organizada tem feito no país para colaborar com a criação de cidades mais receptíveis aos ciclistas, que garantam seus direitos de transitar com conforto e segurança pelas vias urbanas, e como isso contribui para o processo de popularização das bicicletas. Além disso, era objetivo da UCB e de suas associações filiadas, também, fazer contatos com empresas, pessoas e entidades interessadas em apoiar e divulgar o cicloativismo no Brasil por meio de parcerias e financiamentos capazes de fortalecer e expandir sua atuação.
Nosso estande era localizado próximo aos estandes da Aliança Bike, que foi sempre muito receptiva conosco, do Bike é Legal, da cicloativista e jornalista Renata Falzoni, e de produtores artesanais de bicicletas e peças, que também tiveram seu estande cedido pela Aliança. Na nossa bancada, disponibilizamos panfletos, adesivos, cartões e informativos sobre as diferentes associações que estavam presentes e seus projetos e iniciativas, além dos banners institucionais afixados nas paredes.
No domingo, único dia em que a feira ficou aberta ao público em geral, aconteceu o seminário “Do Oiapoque ao Chuí: a realidade da bicicleta no Brasil”, no qual 7 associações de ciclistas apresentaram questões sobre a ciclomobilidade em suas respectivas cidades. O evento foi gravado e pode ser assistido aqui. A BH em Ciclo, infelizmente, não pôde participar do seminário, pois sua presença na feira começou somente no dia seguinte, segunda-feira, quando houve, ainda pela manhã, uma cerimônia de abertura seguida por palestras, dentre as quais a de Jilmar Tatto, Secretário de Transportes da atual administração municipal de São Paulo, e Gilberto Dimenstein, jornalista e fundador do Catraca Livre. O primeiro relatou sobre o processo de construção de ciclofaixas pela cidade, que vem acontecendo em um ritmo acelerado nos últimos meses. Uma das questões levantadas por ele foi a escolha que a prefeitura teve que fazer entre quantidade e qualidade, isto é, muitas ciclofaixas com qualidade reduzida, ou poucas ciclofaixas, porém melhor estruturadas, assumindo que a gestão do prefeito Haddad acreditou na primeira opção como forma de melhorar o cenário da bicicleta na cidade. Já Dimenstein falou sobre cidades sustentáveis e criativas e o papel da bicicleta nesse contexto, relatando algumas experiências próprias que pôde conhecer pelo mundo. Palestrou, também, Marcelo, representante da Aliança Bike, que chamou atenção para a importância do cicloativismo para o setor produtivo da bicicleta.
Nos dias seguintes, aconteceram, no estande da UCB, reuniões internas e encontros com alguns produtores e marcas, como a Shimano, a X Terra e a Revista Bicicleta, os quais renderam bons frutos, como associações e acordo de participação da UCB na Shimano Fest, que acontece em novembro, em Sorocaba – SP. Na terça-feira fizemos uma reunião do Bike Anjo, na qual foi discutida a reformulação do website para torná-lo mais intuitivo, e a descentralização do projeto por meio do estabelecimento de representantes locais nas diferentes cidades. Logo após, realizamos uma reunião da UCB, na qual entraram em discussão questões sobre a política de contribuição de associados. Foi sugerido ao Conselho Deliberativo que estabeleça contribuição facultativa a pessoas físicas, contribuição de R$120,00 a associações de ciclistas, com possibilidade de isenção, e contribuição obrigatória de empresas em diferentes valores, dependendo de seu tamanho.
Na quarta-feira, último dia do evento, aproveitamos para caminhar pela feira, nos apresentando aos expositores e convidando-os a conhecerem melhor as iniciativas do cicloativismo nacional. Também foi feita uma roda de agradecimento à Aliança Bike pela oportunidade concedida, a qual, sem dúvida, foi muito enriquecedora para a UCB e todas as associações que puderam participar. Cabe destacar, também, a experiência de pedalar, sozinha e em grupo, pela cidade de São Paulo, tanto em ciclovias já antigas, quantos nas novas ciclofaixas e avenidas compartilhadas, que foi muito prazerosa.
Um dos pontos mais positivos da Brasil Cycle Fair foi a aproximação de pessoas que, em sua maioria, estavam em contato somente no meio virtual e sequer se conheciam pessoalmente. Esses encontros proporcionaram incríveis trocas de ideias e experiências entre os representantes das associações de ciclistas do Brasil, que se unem, agora, ainda mais fortemente, na luta comum pela promoção da bicicleta e da mobilidade ciclística nos municípios brasileiros.