No último dia 24 de agosto, sábado, Belo Horizonte recebeu o especialista em mobilidade urbana sustentável, Colin Hughes, Diretor do Instituto de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), organização com sede em Washington (EUA). Colin veio a Belo Horizonte a convite da BHTrans, em convênio com o IDTP.
A BH em Ciclo foi ao evento e fez um breve resumo sobre o que aconteceu lá.
Por Gil Sotero
Hughes relatou a experiência na França, China e Colômbia e destacou medidas que melhoraram a qualidade de vida urbana e a relação ciclista, motorista e pedestres em cidades como Portland, Nova York e São Francisco, essa última com topografia bem parecida a de Belo Horizonte.
Colin citou como a estrutura para ciclistas melhora a qualidade de vida nos centros urbanos e reflete no crescimento das vendas dos locais próximos às ciclovias e espaços compartilhados. Ele mostrou o exemplo de um pequeno trecho da 8ª Avenida em Nova York. Após implantação de ciclofaixa os comerciantes registraram aumento de 50% nos negócios locais. “As pessoas que só passavam de carros na região, ao andar de bicicleta começaram a frequentar lojas e restaurantes locais o que levou a um aumento em 50% no faturamento do comércio local”, declarou Hughes.
Ideias defendidas por Colin Hughes durante palestra.
Informação sobre a rede cicloviária
É preciso aumentar a rede de informação sobre como a cidade trata os ciclistas e quais os pontos críticos (perigosos). Ele destacou que é preciso envolver a universidade e outros setores para o levantamento de dados sobre acidentes, por exemplo, que culminariam em políticas públicas mais eficientes para o fomento do projeto cicloviário.
Cidades inteligentes investem em modais diversos
Colin destacou o exemplo da China, pais para o qual presta consultoria, que começou a construir viadutos e vias para dar conta da demanda dos carros cada vez mais crescentes. Tão logo as novas vias foram construídas, os chineses perceberam que não adiantaram em nada, pois elas nunca atenderiam a demanda dos automóveis por novos espaços. Colin afirmou que diversas cidades chinesas estão criando vias exclusivas para ciclistas e uma plano de mobilidade que contempla diversos outros modais para além do carro.
Organização de movimentos pró-bicicletas
Em cidades com movimentos e ciclistas organizados, a infra-estrutura e a relação da cidade com os ciclista são melhores. Colin elogiou o fato de Belo Horizonte possuir organizações dessa natureza, em referência ao trabalho da BH em Ciclo. Citou que em São Francisco há pessoas pró-bicicletas que não necessariamente são ciclistas e mesmo assim apoiam movimentos como a Massa Crítica.
Ciclovias seguras
Uma das formas de se avaliar a ciclovia da cidade, na opinião de Colin, é se fazer a seguinte pergunta – “Eu levaria meus pais, avós, filhos ou qualquer criança para pedalar nela?” – Se a resposta for negativa, a ciclovia não é segura. Para ilustrar sua fala, ele citou caso de uma cidade chinesa que instalou barreiras física para garantir a segurança dos ciclistas em cruzamentos mais perigosos. Ademais, Colin citou a importância de se segregar as ciclovias dos estacionamentos para que haja distância segura a fim de evitar acidentes de ciclistas com portas de automóveis.
Sinalização para ciclistas
Em São Francisco a administração municipal criou sinalização específica para ciclistas a fim de ajudá-los a pedalar na cidade com segurança e informação.
Incentivos governamentais
Além da infraestrutura, a administração pública pode incentivar a cultura ciclistica na cidade promovendo e apoiando iniciativas que fomentam o uso da bicicleta como meio de transporte. Colin citou o exemplo de uma ONG, em São Francisco, que teve apoio governamental para obtenção do imóvel onde crianças carentes aprender a montar sua própria bicicleta e também a consertá-la.
Bicicletas elétricas
Colin afirmou que bicicletas elétricas precisam atender a certos pré-requisitos para trafegarem em ciclovias. Há uma variedade enorme de bicicletas elétricas no mercado e, para que elas possam trafegar pela ciclovia, necessita-se especificar os limites de velocidade, peso e outros padrões a serem seguidos pelas elétricas. Colin citou que uma bicicleta elétrica consegue dividir as ciclovia com as convencionais se tiver limite de velocidade de 30km/h e pesarem até 50kg. A regulamentação das bicicletas elétrica no trânsito tornará seu uso mais seguro e, por consequência, também protegerá ciclistas e pedestres.
Cidade do futuro
Colin destacou que toda política de mobilidade precisa evoluir para atender toda a faixa da população. Embora o processo seja lento, é importante planejar para que ciclistas de todas as idades possam trafegar em ciclovias e ciclofaixas da cidade. É importante o poder público e os ciclistas pensarem juntos as soluções para Belo Horizonte do futuro.
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