Por Carlos Edward, Guilherme Tampieri, com contribuições de Marcelo Cintra.
15/04
Chegamos (!) (parte de nós), à Cidade do México para participar da sexta edição do Fórum Mundial da Bicicleta, que teve suas (pré)atividades iniciadas hoje , com um delicioso e enorme bici-nic no Bosque de Chapultepec.
Nos próximos dias, seremos seis pessoas de BH presentes nas atividades do evento, com cinco trabalhos nossos na programação do #FMB6! Os cinco foram apresentados. Foi incrível! Além de nós, de BH, foram dezenas de pessoas do Brasil e milhares do mundão todo!
Obs: ao final do Fórum, contava-se que mais de 10.000 pessoas tinham, de alguma forma, participado de atividades.)

paraciclos com recado: “Eu não contamino”.
16/04
Domingão. Impossível, para quem gosta de ações ligadas à bicicleta e à cidade, não pedalar na ciclovia recreativa Muevete en Bici. O que é isso? É um passeio dominical que, desde maio de 2007, tem levado centenas de milhares de pessoas e pets às ruas, passando por uma das principais avenidas da cidade, a Paseo de la Reforma, em bicicletas, patins, skates, correndo, caminhando e de outras formas. No início, o trajeto tinha 10 km e cerca de 7 mil presentes. Hoje em dia, são quase 50 km que já receberam, de uma vez, mais de 58 mil pessoas. As ruas ficam abertas às pessoas e fechadas aos carros das 8h às 14h.
Um dos marcos do Muevete en Bici é a Bici Escuela: uma iniciativa pública de ensinar pessoas a pedalarem. Durante o verão, a iniciativa, espalhada pela cidade, fica por 30 dias ininterruptos e dá oportunidade a centenas de pessoas, adultos e crianças, a iniciarem suas pedaladas. Saiba mais AQUI (Facebook da iniciativa)

Ciclovia de lazer
17/04 e 18/04
Dias sem atividades do FMB6, usados para pedalar e conhecer as estruturas e sinalizações para bici, além da enorme diversidade de ciclistas.
Foram muitos ciclopasseios pela Cidade do México,em que encontramos várias das estações de reparo autônomo de bicicletas, com inúmeras ferramentas e também manual de uso! Uma espécie de versão 2.0 da nossa estação em BH. Como assim? Em BH temos uma estação dessa, na #PraçadoCiclista, e mais nove serão instaladas ainda no primeiro semestre de 2017!
Além disso, chama atenção as sinalizações da ECOBici, o sistema de bicicletas compartilhadas da Cidade do México. Onde há estações perto, há placas “ECOZONA”, que sinalizam que nas redondezas os usuários do sistema poderão encontrar alguma estação. Sensacional, diga-se de passagem.

estação de reparo no meio da praça central da Cidade do México

Pic-Nic no parque
19/04
Enfim, o grande dia. A abertura do FMB6!
Antes dela, porém, tínhamos uma agenda a cumprir: visitar a estação de gestão e reparo do EcoBici, o sistema de bicicletas compartilhadas da Cidade do México. Foi incrível conhecer mais um pouco do EcoBici. Algumas informações, dadas pela prefeitura, nos fizeram imaginar como seriam os sistemas do Brasil, especialmente o de BH, caso fosse realmente uma ferramenta para promoção da mobilidade urbana sustentável e integrada ao sistema de transporte coletivo.
Exemplo? O sistema do México está na área central da cidade (propositalmente), por conta da oferta de oportunidades de trabalho e estudo. Todavia, 50% das pessoas que usam o sistema não moram no centro. Ou seja, ele contribuiu com a inclusão social. Com o direito que as pessoas têm de acessar a cidade. Claro, é preciso lembrar que o sistema é pago e por isso há pessoas que não têm condições de usá-lo, mesmo ele sendo mais barato que o transporte coletivo (que é barato!).
Saindo da visita a EcoBici, fomos ao evento que aconteceria na Universidade Autônoma do México (ou em mais uma delas! Parece que há várias), numa pedalada que totalizou 30km. Curiosidade desse pedal: na visita à EcoBici, uma funcionária da prefeitura nos disse que a ciclovia da avenida X (não importa o nome, agora) era a melhor da cidade! Um exemplo de ciclovia, que, obviamente, pensamos em conhecer. Fomos. Que cilada, em boa parte do trajeto. Parte do trajeto era em ciclovia e a outra em ciclofaixa. Quando mudou para a segunda, veio o caos. Dezenas de carros, ônibus, caminhões parados em cima da faixa para ciclistas e também em fila dupla. Isso tudo somado às altas velocidades dos carros, à poluição e secura do ar teve um resultado: estresse para pedalar. No final, foi positivo para conhecermos mais além do centro da Cidade do México (que nos foi tranquilo de pedalar).

Ciclofaixa tomada por ônibus, carros e outros veículos
Chegamos à Universidade. Trocamos ideia com a galera que ali estava vendendo pequenos produtos feitos à mão e ligados à bici. Conhecemos projetos. Voltamos ao centro por um caminho mais tranquilo. Ah…pedalar em paz na Cidade do México e poder apreciar a capital era um deleite. Percorríamos ruícas deliciosas, com lindas casinhas que ilustravam parte da cultura local.

chegada à universidade
Enfim, chegamos à inauguração do FMB6, na Praça Santo Domingo. Foi rápida,pois após uns 40 minutos, foi interrompida por um grupo de manifestantes que reclamava de problemas locais. Não sabemos bem sobre as razões do protesto,mas incluía crítica à EcoBici ser um sistema capitalista. Não nos delongaremos nisso, por ora.
20/4
Quinta-feira, 20 de abril, um dia especial para BH no FMB6. Por quê? Realizamos algumas atividades, ao longo do dia.
- O dia começou com a apresentação do projeto Bicicleta nas Eleições, pela UCB – União de Ciclistas do Brasil, da qual a BH em Ciclo é associada.
- Em seguida, o coletivo Desvelocidades, que nasceu em BH e está ganhando a América Latina, realizou a ação “Mira la Bici (Veja a bicicleta)”. O objetivo da ação era compartilhar adesivos com pessoas que queiram promover bicicletas pelas cidades. Como? Colocando os adesivos, como o da imagem abaixo, nos retrovisores dos automóveis, ônibus e outros veículos. A ideia é que a (o) motorista sempre se lembre de que existem bicicletas nas ruas das cidades e as respeite, independente de quem esteja em cima delas. Durante o FMB6, foram colados adesivos em inglês (Mind the bike) e espanhol (Mira la bici), mas há também em português e francês. Ou seja, veja a bici pelo mundo!
- O mesmo coletivo realizou sua oficina “Descubrir maneras asombrosas para perder el tiempo en las ciudades invisibles” ou “Maneiras incríveis de perder tempo nas cidades invisíveis”. O que é isso? A Oficina é uma forma lúdica de ativar o desejo das pessoas por cidades que sejam confortáveis para realizarmos atividades diversas durante nossos deslocamentos e/ou que nos deem espaços para pararmos e, por exemplo, lermos em espaços públicos. Foram cerca de 25 pessoas, incluindo uma criança, que se entusiasmaram pensando suas próprias maneiras de pensar uma cidade mais bacana, onde as pessoas se banhasse em fontes e fazem rá-tá-tá nas grades da cidade e deixam as ruas mais gostosas para caminhar e pedalar.
oficina Maneira Incríveis de Perder Tempo nos Deslocamentos promovida pelo Desvelocidades
- Bom, né? Mas não acabou. Ao final da tarde, também teve a apresentação do trabalho realizado pela BH em Ciclo, ITDP Brasil e BHTrans: “Relatório de Vistoria e Indicação de Tipologia de Infraestruturas Cicloviárias – GT Pedala BH”. O “Relatório é o resultado de um trabalho colaborativo de vistorias realizadas no marco do processo de implantação de 150 km de infraestrutura cicloviária alimentadora da rede de transporte coletivo em Belo Horizonte. Os integrantes do GT Pedala BH realizaram visitas de campo e recomendaram tipologias de infraestrutura cicloviária para cada trecho da rede pré-definida.
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apresentação do projeto da BH em Ciclo
- Na mesma mesa, foi apresentada, pela UCB – União de Ciclistas do Brasil, da qual a BH em Ciclo é associada, a experiência da campanha Bicicleta nos Planos.
21/4
Mais um dia em que BH esteve presente nas atividades. Dessa vez, com a inovadora e inédita campanha #D1Passo, uma campanha apartidária, construída por cidadãs e cidadãos, de Belo Horizonte com o objetivo de priorizar a mobilidade urbana sustentável no debate eleitoral à prefeitura de BH. A BH em Ciclo, juntamente com Tarifa Zero BH, Bike Anjo BH e Movimento Nossa BH, produziu a campanha. Os resultados foram inúmeros, sendo o principal dele a inclusão da mobilidade urbana sustentável na agenda eleitoral, tendo pautado as 11 candidaturas à prefeitura de BH em 2016.
Nesse dia, também foi apresentada a campanha Bicicleta nas Eleições, coordenada pela UCB – União de Ciclistas do Brasil – e realizada em BH pela BH em Ciclo, em paralelo à #D1Passo.

apresentação da campanha #D1Passo
O resto do dia foi pleno de palestras relâmpago, debates e encontros com ciclistas de todos ospaíses e antes que esse dia incrível acabasse, ainda tivemos uma grata surpresa: cara a cara! O cara a cara foi uma maneira criativa, lúdica e rica de conectar as atividades do FMB6 a uma parte importante da cultura mexicana: a luta livre. Em um ambiente alegre e divertido, quatro trabalhos ligados à bicicleta foram apresentados e defendidos pelos respectivos realizadores, numa arena de luta livre. Ou lucha libre. Entre um trabalho e outro, lutadores profissionais levavam as pessoas presentes à loucura. Foi uma experiência mágica, especialmente pelo grito entoado por brasileiras e brasileiros, seguido pelos presentes, de “Fuera Temer, Fuera Temer, Fuera Temer”.

lucha libreeee!
22/4
Dia de ir dando adeus ao FMB6, mas não sem antes fotinha de parte da brasileirada junta e de saber onde seria a sede do evento em 2019! 19? Sim. A cidade-sede de 2018, Lima, no Peru, foi escolhida no ano passado, em Santiago. Pois bem. No ano de 2019 o Fórum rumou para Quito, no Equador, após disputa intensa entre várias outras cidades, em especial Moscou.

parte das brasileiras e brasileiros presentes no FMB6
Foram bons debates e uma ótima oportunidade de mostrar as ações que ocorrem em BH e no Brasil, conhecer pessoas que fazem coisas muito parecidas com as que fazemos, só que em outras cidades, e ótimos projetos que acontecem por aí. Um bom painel foi o de projetos de recuperação de bicicletas,onde o ótimo “Bota pra Rodar” de Recife se equiparou a projetos em Santiago, México e Bogotá. Entre as palestras, para além das sempre ótimas palestras de estrelas como Janette Sadik-Khan, Chris Carlsson e Gary Fisher e destaque para os temas transversais, como as questões de gênero, espaço da mídia e outros.

FMB6 chegando ao fim
Agradecemos à BH em Ciclo pelo apoio a nossa ida ao FMB6. Voltamos ao Brasil com a certeza de que a associação escreveu mais uma página de sua história ao apresentar algumas das boas iniciativas que vêm acontecendo em BH, especialmente nos últimos cinco anos, a despeito de que ainda temos muito caminho a pedalar para que a capital mineira, nossa cidade, seja de fato amiga da bicicleta e de quem pedala.
O texto acima é pessoal de quem o assinou e não reflete necessariamente a posição da BH em Ciclo sobre os temas abordados.